terça-feira, 14 de setembro de 2010

Evolução Sem Limite

Quando pensamos em um jogador que aos 17 anos já ganhava do número 1 do mundo, que aos 18 já ajudava seu país a conquistar a Copa Davis derrotando o número 2 do mundo na final, que entre 18 e 19 anos já ganhava 11 títulos em uma temporada, incluindo um Grand Slam e quatro Masters 1000... imaginamos o quanto ele ainda pode de fato evoluir.

Rafael Nadal nos prova torneio após torneio que essa evolução é possível. Quando puxo na memória o Nadal no começo de sua carreira, lembro de um jogador já forte física e mentalmente, rápido, que devolvia todas as bolas com um poderoso top spin e ficava três passos atrás da linha de base. Basicamente era isso, mas que já era suficiente para chegar às conquistas que chegou na época.

Mas com sua determinação, força de vontade, disciplina e muito trabalho, o espanhol nos mostrou o poder da evolução. Ao assistir o jogo de ontem contra Novak Djokovic, vi outro Nadal. Vi um jogador que está ainda mais forte mentalmente, que não se abala nos momentos adversos e que se mantém sereno quando o adversário cresce na partida. Vi um jogador que tecnicamente incorporou novos golpes em seu arsenal. Acrescentou um saque muito mais potente e bem colocado, adicionou o slice para variar com seu top spin, aprendeu a atacar a bola com golpes mais chapados. Vi um jogador que sobe a rede com eficiência e nos momentos corretos. Vi um backhand muito mais seguro e preciso. Fisicamente Nadal está até menos forte, porém mais leve e mais ágil e ainda com uma resistência fora do comum.


Esse incremento técnico permitiu também uma evolução tática. Com mais golpes a disposição, Rafa pode variar sua tática de acordo com o adversário e o momento da partida. Ontem quando Djokovic subiu de produção no 2o set, Nadal tentou quebrar o ritmo do sérvio com subidas a rede, slices, saques bem colocados e a tradicional barreira intransponível de seu lado mental e paciência para se defender no momento em que estava sendo atacado. Essa combinação levou Rafa a uma recuperação no set que acabou interrompido pela chuva.

O fato é que Nadal foi perfeito no US Open e está sendo perfeito em toda a temporada. Até o momento foram seis títulos - três de Grand Slam, Roland Garros, Wimbledon, US Open e três de Masters 1000, Monte Carlo, Roma e Madri. Os problemas no joelho que assombraram o tenista nos últimos tempos e provocaram rumores de uma carreira fadada a uma aposentadoria precoce foram superados e ele provou ao mundo que é capaz de muito mais.


Aos 24 anos, Rafael Nadal se junta ao seleto grupo de apenas sete jogadores a conquistar todos os quatro Grand Slams (Career Grand Slam). Antes dele Fred Perry, Don Budge, Rod Laver, Roy Emerson, Andre Agassi e Roger Federer haviam conquistado tal feito. E mais exclusivo ainda é o grupo de jogadores que conquistaram não só os quatro Slams, mas também o Ouro Olímpico (Career Golden Slam). Apenas ele e o americano Andre Agassi possuem tal façanha. Ele é o e único a fechar o que ficou conhecido como "Clay Slam" ao conquistar esse ano os quatro torneios de saibro mais importantes do circuito (Masters 1000 de Monte Carlo, Roma, Madri e Roland Garros).

Rafa até o momento possui 42 títulos na carreira, sendo nove títulos de Grand Slam e 18 de Masters 1000 (recordista) e três títulos de Copa Davis. Já é o 3o tenista que mais dinheiro ganhou com premiação somando até o momento quase US35 milhões. Venceu 460 partidas na carreira e perdeu apenas 98, alcançando assim o 2o melhor aproveitamento da história com 82,4%, atrás apenas de Bjorn Borg com 82,7%. Nadal está há 61 semanas como número um do mundo e com o título do US Open ele garante essa posição até o final de 2010, mesmo que não jogue mais nenhum torneio.

Agora começa a pior parte da temporada para Nadal que é jogada em quadras cobertas de carpete. Mesmo não sendo seu forte, Rafa já foi finalista dos Masters 1000 de Xangai e Paris. Além desses dois títulos, Rafa vai buscar o último grande torneio que ainda falta em seu currículo, o ATP Finals.

Já está mais do que provado que quando se trata de Rafael Nadal, não há barreiras, não há adversários, não há pisos que possam frear sua evolução, sua determinação, garra, intensidade e vontade de vencer. Enquanto seu corpo permitir, aquela cara fechada, olhar fulminante, postura física e mental inabalável vão continuar a intimidar os oponentes e encantar o mundo. O Rei do Saibro se tornou Rei do Tênis.

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