quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Esqueceram do Chapecó!

O grande nome da semana no tênis brasileiro não é Gustavo Kuerten, nem Thomaz Bellucci, mas sim Tiago Fernandes, juvenil de apenas 17 anos que conquistou um dos torneios mais importantes do mundo, a chave juvenil do Australian Open. Feito que nenhum brasileiro jamais havia obtido.

Como todos que ganham destaque na mídia, suas histórias são contadas, fatos são lembrados e os parabéns são dados ao jogador e ao treinador e com Tiago não está sendo diferente. Mas num esporte individual como o tênis, em que grande parte das vezes os jogadores passam nas mãos de diferentes técnicos ao longo da carreira, é normal que no momento do grande triunfo, apenas o atual seja lembrado e toda a glória fica para ele.

Em todos os lugares li histórias de como Tiago trocou a natação pelo tênis e sobre sua ida para a academia de Larri Passos, seu atual treinador. Mas em pouquíssimos li o nome de Carlos Chabalgoity, mais conhecido como Chapecó. Pra quem não o conhece, foi um dos grandes juvenis brasileiros nos anos 80, enorme talento, vencedor de torneios como o Orange Bowl (Foto maior, segundo da direita pra esquerda, em sua conquista no Orange Bowl).

Chapecó tinha um projeto para captar novos talentos em torneios e orientá-los, junto a seus treinadores em suas respectivas cidades. Chapecó daria toda a acessoria, e com o tempo a idéia era levá-los à um centro de treinamento. O projeto não emplacou como planejado por falta de patrocínio, mas de certa forma aconteceu com apenas um jogador, Tiago Fernandes.

Na época em que Chapecó começou a observá-lo, ele tinha apenas 11 anos. Com muito conversa com os pais de Tiago que até então não queriam muito envolvimento com o tênis, a parceria finalmente se iniciou um ano depois. Tiago continuou morando em Maceió, mas frequentemente vinha a São Paulo passar alguns dias treinando com Chapecó e dormindo em sua casa. Inúmeras foram as vezes que treinaram com a gente no Play Tennis. Os dois também passavam tempos em Brasília, terra natal de Chabalgoity. Mas não era apenas Tiago que ia e vinha, Carlinhos também passava tempos como ele em Maceió. Era um enorme vai e vem.

Chapecó chegou a ir ao colégio de Tiago e apresentar o trabalho que os dois estavam fazendo e que esse demandaria viagens, por consequência algumas faltas extras. A situação foi muito bem aceita pelo colégio que faria o possível para ajudar na parte escolar.

Os dois viajaram juntos para torneios nacionais e internacionais. E foi em uma dessas viagens, depois de excelente campanha no Orange Bowl onde Tiago se tornou número 1 do mundo de 14 anos, que o brasilense conseguiu um grande patrocínio de roupas e raquete para seu pupilo.

Mas tempos depois a parceria chegou ao fim e ai começou a parte da história que todos conhecem.

Conversando com Chapecó percebi um enorme carinho pelo garoto, e uma profunda admiração. Ele me disse que Tiago sempre teve uma dedicação impressionante, uma postura e maturidade acima da média. Chapecó acredita muito no sucesso de seu ex-jogador.

Mas de qualquer maneira, gostaria aqui de parabenizar o Chapecó pelo trabalho feito com o Tiago por quase três anos, justamente numa idade e fase tão delicada. Trabalho esse que ajudou a moldar muito do que o Tiago é hoje como pessoa e jogador. Portanto, uma parte desse e de todos os títulos que ele vier a conquistar daqui para frente pertencem um pouco a você e ao Polaco que foi quem iniciou o Tiago em suas primeiras raquetadas.

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