segunda-feira, 31 de maio de 2010

Evolução

Por mais difícil que fosse a tarefa de Bellucci contra o ex-número 1 do mundo e provavelmente melhor jogador de saibro da história, não teve como não sofrer, torcer intensamente e até acreditar.

Bellucci está vivendo o melhor momento de sua carreira até aqui. Pela primeira vez passou da segunda rodada em um Grand Slam e foi além, chegou à quarta rodada e esteve presente na segunda semana do torneio. Com o resultado, alcançará sua melhor posição no ranking, deve ocupar a 24a posição. Seu jogo está cada vez mais sólido, suas bolas estão mais pesadas e ele está mais experiente.

Mas isso ainda não foi suficiente para surpreender Rafael Nadal. Jogar contra o espanhol, no saibro de Roland Garros é uma das tarefas mais difíceis do tênis. Jogar contra Nadal num jogo melhor de cinco sets, obriga qualquer adversário a jogar no limite durante no mínino três sets. No limite de concentração, no limite de agressividade, no limite físico, no limite da precisão, no limite de motivação, ou seja, tudo.

Todos sabem que ficar trocando bola com o espanhol é suicídio. É preciso atacar sempre que possível, mas para fazer isso é preciso ter bola, confiança, inteligência e não ter medo. Quem busca o ponto corre o risco de errar. O próprio Nadal é um jogador que ataca mais agora do que no começo da carreira. Quando ele percebeu que seu corpo necessitava de jogos mais rápidos, Nadal passou a atacar mais para encurtar os pontos e por consequência o tempo de suas partidas.

Bellucci até que atacou, mas ele próprio deve ter percebido que atacar o Nadal não é a mesma coisa que atacar o Ljubicic. É preciso um pouco mais, afinal Nadal está num outro plano.

Bellucci teve chances, mas pecou em detalhes e errou algumas bolas bobas que poderiam ter lhe dado oportunidades de colocar Nadal sob pressão. Não se pode perder essas chances contra o espanhol, até porque elas são raras, e Rafa parece amar pontos difíceis e decisivos.

Quando Nadal sacava para fechar o 2o set, Bellucci foi perfeito em sua agressividade e quebrou o saque do espanhol fazendo 5/5. No entanto, quando sacava no game seguinte, Bellucci deu a impressão de ter tirado um pouco o pé, abrindo assim a porta para Rafa ser agressivo e o quebrar de volta. O potente e eficiente saque do brasileiro não foi tão constante durante o torneio. Com apenas 55% de acerto do 1o saque contra Nadal, Bellucci perdeu a chance de incomodar mais com um de seus grandes golpes. Para se ter uma idéia, Nadal tem uma média de 74% de acerto do 1o saque no torneio.

Mas Bellucci conseguiu incomodar o espanhol. Em vários momentos da partida, vimos Nadal olhando para trás ao final de um ponto e encarando Bellucci com sua cara de enfezado. Vimos também Rafa comemorando intensamente alguns pontos como quem sentisse que a coisa não estava fácil. Ele mesmo admitiu que foi a partida mais difícil até então no torneio.

O brasileiro está de parabéns. Foi incrível vê-lo jogar e empolgar a torcida brasileira que há tempos não sentia esse gostinho de torcer por um jogador com chances de ir longe em torneios importantes. Parabéns também para João Zwetsch pelo trabalho que tem feito com o Bellucci. É visível a evolução nesse último ano. Confesso que não acreditava que veríamos o Thomaz entre os 20 do mundo, mas assumo que estou mudando minha opinião. Sorry Bellucci por não ter acreditado tanto em você antes, mas fico feliz de ver você me provar errado!

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