terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Resumo da Temporada 2009 da ATP

Mais uma temporada da ATP chegou ao fim. Não se passou nem três dias do último jogo do ano, na final da Copa Davis, e já estou sentindo falta! Ainda bem, para nós fãs, que as férias dos tenistas são muito curtas. Em menos de um mês, eles já estarão duelando novamente nas quadras espalhadas pelos quatro cantos do mundo. Mas nesse meio tempo, vamos rever o que aconteceu em 2009.

Ao longo do ano foram disputados 65 torneios (mais o ATP World Team Championship). Foram quatro Grand Slams, nove Masters 1000, onze ATP 500 e quarenta ATP 250, sendo 22 torneios em quadras rápidas, 21 no saibro, 13 em quadras indoor de carpete e seis na grama.

O jogador que mais venceu torneios foi Andy Murray com seis títulos. Rafael Nadal, Novak Djokovic e Nikolay Davydenko venceram cinco cada. Roger Federer vem logo atrás com quatro, seguido de Tsonga e Del Potro com três. Quatro jogadores possuem dois títulos e os outros 26 com apenas uma conquista. Ao todo foram 37 jogadores diferentes alcançando a glória de vencer um torneio da ATP, incluindo o brasileiro Thomaz Bellucci que venceu o torneio de Gstaad, na Suíça, após ter vindo do qualifying. Esse foi seu primeiro título da ATP.

O país que mais teve jogadores campeões na temporada foi a Espanha, com 13 conquistas; seguido da Rússia com sete; França e Grã-Bretanha com seis; Servia e EUA com cinco e Argentina e Suíça com quatro.

No início da temporada vimos um Rafael Nadal arrasador, mostrando o porque havia assumido o primeiro lugar no ranking em agosto do ano anterior. Após conquistar seu sexto Grand Slam no calor australiano, Nadal venceu nas quadras rápidas de Indian Wells e partiu para três títulos seguidos no saibro europeu, Monte Carlo, Barcelona e Roma. Mas Roma viria a ser o último torneio que Nadal ganharia no ano. Com uma derrota para Federer na final de Madrid, Nadal chegou a Roland Garros com a expectativa de vencer seu 5o título no saibro francês em cinco participações. Mas esse sonho foi frustrado pelo sueco Robin Soderling que o venceu na quarta rodada e provocou a maior zebra do ano. Com uma série de contusões, ele ficou de fora de Wimbledon e uma série de outros torneios na segunda metade do ano. Mesmo assim ainda conseguiu ir longe em grandes torneios como Masters 1000 do Canadá, Cincinatti e no US Open, onde perdeu na semifinal. Após nova parada, ele voltou a ir longe em Pequim, Xangai e Paris. Mas infelizmente seu ano ficou marcado para muitos pela péssima campanha que fez no ATP Finals em Londres, onde perdeu as três partidas da chave de grupos, não vencendo um set sequer. As pessoas esquecem rápido o início brilhante que teve e mesmo sem títulos no resto do ano, Nadal avançou nas chaves de praticamente todos os torneios. Está de parabéns e espero que ele consiga aguentar fisicamente o desgaste que seu estilo de jogo impõe sob seu corpo. É um grande jogador, um cavalheiro dentro e fora das quadras, um guerreiro!

Vimos Roger Federer ter um começo oposto de Nadal. Começou mais devagar, indo longe nas chaves, porém sem títulos até maio, quando venceu o torneio de Madrid justamente em cima do espanhol. Isso o deu confiança para que duas semanas depois pudesse vencer seu primeiro Roland Garros, aproveitando também a queda precoce de Nadal no torneio. Com isso, o suíço fez o que Pete Sampras por tantos anos tentou e não conseguiu. Após vencer todos os quatro Grand Slam, Federer foi em busca de outro recorde. Ao vencer Wimbledon , passou a ser o maior vencedor de torneios Grand Slams da história. Com 15 conquistas, ele deixou para trás Sampras, que esteve presente na quadra central do All England Club para prestigiar e passar o bastão. Com o posto de número 1 do mundo recuperado, Federer ganhou mais um título em Cincinnati, teve dois vices, sendo um deles a derrota para Del Potro na final do US Open. Um ano sem dúvida mais do que especial para Federer dentro e também fora das quadras com o nascimento de suas duas filhas.

Andy Murray, o jogador mais sem graça do circuito em minha opinião, também brilhou nesse ano. Com seis títulos, foi o maior vencedor do ano, porém continuou sem o esperado título de Grand Slam. Com um jogo burocrático, o britânico gosta de jogar no contra-ataque ou esperando o erro do adversário, raramente parte para o ataque ou busca as linhas. Com boa movimentação de perna e boa leitura dos golpes, Murray consegue belas jogadas, mas não é um jogador que me agrada muito. Muito se esperava dele no ATP Finals, que foi disputado em Londres. Mas ele decepcionou seus compatriotas e foi eliminado ainda na chave de grupos. Deve continuar evoluindo em 2010 e é um dos fortes candidatos a levar um dos quatro grandes torneios.

Novak Djokovic chegou a dez finais no ano, ganhando metade delas. Três de seus títulos vieram nos últimos dois meses do ano, o que o credenciou como favorito ao ATP Finals. A conquista mais expressiva foi o Masters 1000 de Paris. Quatro das finais que perdeu, foram em Masters 1000. Djokovic foi o jogador que mais venceu partidas no ano. Foram 78 vitórias e apenas 19 derrotas. Com tantos jogos assim, o sérvio precisa de um bom descanso, apesar de jovem ainda, a carreira dos tenistas é muito desgastante e é necessário pensar no longo prazo.

O argentino Juan Martin Del Potro que começou 2008 como 50o no ranking, e se consolidou em 2009 como um dos grandes nomes do circuito. Se mantendo entre os Top 10 durante todo ano, ele conquistou três torneios e provocou um das grandes surpresas da temporada. Derrotou o então penta campeão do US Open, Roger Federer, que ia em busca do sexto título seguido em Nova Iorque.

Outra excelente temporada foi disputada por Nikolay Davydenko. O russo tem sido um dos jogadores mais regulares do circuito nos últimos anos. Desde 2005 ele termina o ano entre os Top 10. Seu nome não é tão comentado talvez pela falta de grandes conquistas e de carisma. Mas esse ano ele conquistou aquele grande título que o faltava, o do ATP Finals. Tenho certeza que para ele ainda falta pelo menos um Grand Slam, mas ser campeão de um torneio onde apenas os oito melhores do mundo participam, é para pouquíssimos. Além desse, levantou o troféu em mais quatro oportunidades.

O último jogador que eu considero importante comentar individualmente é Robin Soderling. Considerado por muitos tão sem graça quanto Murray, Soderling teve uma temporada especial. O sueco está entre os 100 do mundo desde 2003, mas nunca teve grande destaque. Mas esse ano seus pesados golpes de fundo de quadra e sua cabeça entraram no lugar e ele surpreendeu. Seu grande momento foi ao se tornar o primeiro jogador a vencer Rafael Nadal em Roland Garros. Teve boas campanhas nos Grand Slams, perdendo em todos para Federer, com exceção do Australian Open. Ganhou apenas um torneio do ano, mas atualmente ocupa sua melhor posição no ranking, 8o.

Alguns jogadores tiveram boas temporadas, porém mornas demais para suas capacidades. Andy Roddick, Fernando Verdasco, David Ferrer, Tommy Haas, entre outros. Alguns jogadores ainda estão em fase de amadurecimento e consolidação como Tsonga, Monfils, Cilic e Simon. Outros ainda se mantém perto do topo, mas já estão em fase de declínio como Hewitt, Blake e Ferrero.

Como todo ano, há aqueles jogos que fazem história e serão lembrados por muitos anos. Vou colocar cinco deles que eu lembro, caso esteja esquecendo algum, por favor, comentem:

- Nadal x Verdasco na semifinal do Australian Open. Nadal venceu por 6/7 6/4 7/6 6/7 6/4. Foram um total de 5 horas e 23 minutos de jogo. Um jogo tão equilibrado que Nadal venceu 193 pontos no jogo, enquanto Verdasco venceu 192. Acesse o link e assista os melhores momentos da partida com jogadas magistrais de ambos os jogadores.

- Após a longa maratona contra Verdasco, Nadal entrou em quadra novamente para a grande final do Australian Open. Mal sabia ele que teria outra longa jornada antes de levantar seu primeiro troféu na Austrália. Mais um jogo decidido no quinto set, 7/5 3/6 7/6 3/6 6/2, em 4 horas e 38 minutos (se você gosta de tênis, assista os melhores momentos, vale muito à pena). Mas o mais interessante pra mim naquele jogo foi a cerimônia de premiação. Federer ao ser chamado para o discurso, simplesmente caiu nas lágrimas e não conseguiu falar. Após alguns minutos, conseguiu parabenizar Nadal, mas logo voltou ao choro, no qual permaneceu até o fim (assista a cerimônia). Muitos criticaram essa atitude. Mas eu achei um grande momento que mostrou que por trás desse gênio do esporte, muito frio nos momentos mais delicados de uma partida, há um ser humano, que por alguma razão estava fragilizado naquele instante. Penso que talvez a perda do posto de número 1 para Nadal e a impossibilidade de vencê-lo nos últimos cinco confrontos que tiveram (o que representava naquele momento um ano e cinco finais perdidos para o espanhol) o deixaram sem chão. A demonstração de carinho e fair-play de Nadal ao seu maior rival, fechou com chave de ouro essa grande partida e provou que o tênis não poderia estar melhor representado.

- Confesso que não assisti muito desse jogo, mas li a respeito, assisti os melhores momentos no Youtube e merece ser citado. Mais uma vez Rafael Nadal se envolveu numa longa batalha. Dessa vez foi contra Novak Djokovic no Masters 1000 de Madrid, valendo vaga para a final. Esse jogo entrou para a história como o mais longo jogo melhor de três sets da Era Aberta. Foram 4 horas e 3 minutos de jogo, com vitória de Nadal por 3/6 7/6 7/6. No jogo seguinte Nadal viria a perder para Federer que encerrou o longo jejum em cima de Nadal.

- No jogo que colocaria Federer de vez na história do tênis como maior vencedor de Grand Slams de todos os tempos, o suíço não teve vida fácil, e teve de suar muito contra o norte-americano Andy Roddick, que em minha opinião fez o melhor jogo de sua vida. Com uma tranquilidade surpreendente, Roddick quase acabou com o sonho de Federer. O jogo se prolongou por 4 horas e 26 minutos, só o quinto set durou 1 hora e 35 minutos. O jogo só não foi interrompido por falta de luz natural, pois o All England Club inaugurou esse ano o teto retrátil, que permitiu que o jogo continuasse com luz artificial. O placar final foi de 5/7 7/6 7/6 3/6 16/14 e Federer pode celebrar seu 15o título de Grand Slam e 6o em Wimbledon. Veja o vídeo.

- O último também envolveu Roger Federer, mas dessa vez a glória foi para outro jogador, o argentino Juan Martin Del Potro que surpreendeu o mundo com uma virada incrível e impediu que o suíço conquistasse seu 6o título seguido no US Open. Com o placar de 3/6 7/6 4/6 7/6 6/2 em 4 horas e 10 minutos de partida, Del Potro levantou seu primeiro troféu de Grand Slam. Veja algumas jogadas da partida.

Um fato curioso no ano aconteceu por duas vezes com Ivo Karlovic. Gigante de 2.08m de altura, ele bateu por duas vezes o recorde de aces em uma partida. Primeiro foi em Roland Garros contra Lleiton Hewitt quando sacou 55 serviços indefensáveis e ainda assim perdeu o jogo no quinto set. Meses depois ele bateu o próprio recorde no jogo mais longo da história da Copa Davis, 5 horas e 59 minutos contra o tcheco Radek Stepanek. O placar foi surreal 6/7 7/6 7/6 6/7 16/14. Advinha quem ganhou? Exato, Radek Stepanek. Parece que de nada adianta ter um grande saque, se o resto do jogo não acompanha. Quase ia esquecendo, Karlovic sacou nada mais, nada menos que 78 aces. Isso representa mais de 19 games, ou mais de três sets, só em aces. Ele terminou o ano com um total de 890 aces. Muito atrás de seu recorde pessoal de 1.318 e do recorde geral, que pertence ao também croata Goran Ivanisevic de 1.477 aces.

A jogada do ano pra mim, foi a passada que Roger Federer deu em Novak Djokovic na semifinal do US Open, de costas, por debaixo das pernas. Palavras não fazem jus ao que foi, por isso, clique aqui para assistir a jogada. Se você lembrar ou preferir outra jogada, comente e nos envie o link para o vídeo.

Um momento muito comum no futebol, mas que eu jamais havia visto no tênis foi a troca de camisas entre Djokovic e Davydenko após a partida durante o ATP Finals, onde Djokovic levou a melhor. Gostei bastante do gesto.

Outros dois fatos marcantes foram as aposentadorias de Marat Safin e Fabrice Santoro. Não vou comentar muito sobre isso, pois já escrevi dois posts a respeito. Mas com certeza ambos farão muita falta ao circuito.

Para encerrar, vamos conferir os dez jogadores que mais ganharam dinheiro em prêmios em 2009 e a posição final no ranking da ATP.

A lista de premiação tem: Roger Federer (US$8.7 milhões); Rafael Nadal (US$6.4 milhões); Novak Djokovic (US$5.4 milhões); Juan Martin Del Potro (US$4.7 milhões); Andy Murray (US$4.4 milhões); Nikolay Davydenko (US$3.6 milhões); Andy Roddick (US$2.4 milhões); Robin Soderling (US$2.3 milhões); Fernando Verdasco (US$1.9 milhões) e Jo-Wilfried Tsonga (US$1.8 milhões).

Já o ranking final de 2009 ficou assim: 1. Roger Federer; 2. Rafael Nadal; 3. Novak Djokovic; 4. Andy Murray; 5. Juan Martin Del Potro; 6. Nikolay Davydenko; 7. Andy Roddick; 8. Robin Soderling; 9. Fernando Verdasco; 10. Jo-Wilfried Tsonga.

Foi uma temporada incrível, recordes quebrados, jogos que entraram para história, pontos milagrosos, novos nomes aparecendo, antigos nomes se aposentando. Espero que 2010 o nível seja mantido e possamos apreciar ainda mais esse lindo esporte.

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